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I Congresso Nacional de Turismo Rural decorreu em Oleiros e revelou-se um êxito

O primeiro Congresso Nacional de Turismo Rural, realizado nos passados dias 20 e 21 de junho, no Hotel Santa Margarida****, em Oleiros, revelou-se um acontecimento bastante oportuno e de incontornável importância estratégica à escala nacional. Com o Alto Patrocínio de Sua Excelência o Presidente da República e sob o tema “Turismo, Território e Património”, esta foi uma iniciativa organizada pela Federação Portuguesa de Turismo Rural, Entidade Regional de Turismo do Centro de Portugal, Naturtejo, E.I.M. e Câmara Municipal de Oleiros. No final, representou um marco de referência para um setor que tem incontornável impacto na economia portuguesa.

Durante um dia intenso de trabalhos, nos quais participaram os mais relevantes atores do território, entre governantes, ex-governantes e representantes de várias associações e entidades regionais, nacionais e internacionais, foram concertadas estratégias e consolidada a massa crítica que permitirá afirmar o Turismo Rural e integrá-lo na cadeia de valor da marca Portugal.

A abrir o Congresso, Fernando Jorge, presidente da Câmara Municipal de Oleiros, referiu que era com muita honra que o concelho acolhia tão importante acontecimento, esperando que este desse frutos. O autarca referiu ainda que como em tudo, era fundamental semear para colher e que no caso particular de Oleiros, os importantes investimentos efetuados representarão no futuro proveitosas colheitas. Fernando Jorge referiu ainda que “o Interior perde em média 2% da população por ano. Por isso, temos de inverter esta situação e o Turismo Rural é uma solução”.

Recorde-se que a data de realização deste Congresso, para além de constituir um momento histórico, revelou-se bastante pertinente, numa altura em que se perspetiva a entrada do novo Quadro Comunitário.

Segundo a presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC), Ana Abrunhosa “os apoios ao Turismo vão ter em atenção a qualificação dos espaços e a promoção dos territórios”. A responsável referiu ainda que “deve haver uma estratégia de especialização inteligente, em que o apoio às empresas e às entidades de sistema científico e tecnológico terão para nós prioridade em termos de apoio”, adiantou. A presidente da CCDRC sublinhou que “o Turismo permite fazer uma abordagem integrada da estratégia de desenvolvimento dos territórios, sobretudo nestes territórios mais frágeis”. Por último, Ana Abrunhosa disse ainda que “os grandes motores destas estratégias devem ser os agentes privados, complementados pelos agentes públicos”.

 

Pedro Machado, presidente da Turismo do Centro de Portugal, por seu lado, reforçou que o Turismo deve ser entendido como uma atividade transversal e holística, também entendida como “indústria do sorriso”. “O Turismo em Espaço Rural representou no ano de 2012 845.000 dormidas, com uma forte incidência na procura interna”. Segundo o próprio, “a estratégia deverá passar pela aproximação aos índices de crescimento da restante atividade turística, através da internacionalização e da captação de retornos às regiões deprimidas, tirando partido dos 3 C´s: Coesão, Competitividade e Crescimento”. Como pontos fracos, Pedro Machado referiu a falta de produção científica, a existência de resultados autónomos e a conceptualização desvalorizadora de quem trabalha em Turismo.

 

Armindo Jacinto, na qualidade de presidente da Naturtejo e Vice-presidente da Federação Portuguesa de Turismo Rural, o qual referiu que “a aposta de Oleiros tem de ser o Turismo Rural (…) pode ser o motor para o desenvolvimento dos territórios de baixa densidade, contribuindo para combater a desertificação e o abandono, através dos seus efeitos multiplicadores, fomentando o desenvolvimento de pequenas economias”.

 

A sessão de abertura encerrou com a intervenção de Cândido Mendes, presidente da Federação Portuguesa de Turismo Rural, o qual fez o enquadramento do tema em discussão e do próprio evento, havendo ainda oportunidade para homenagear publicamente Luís Galvanito, grande impulsionador da iniciativa, falecido há menos de um mês.

 

Os trabalhos dividiram-se em dois temas: Turismo Sustentável e Contributos do Turismo Rural para o Turismo Sustentável, os quais foram abordados por um painel de oradores de topo que permitiu que os mais de 150 congressistas, oriundos dos mais variados destinos, pudessem assistir a interessantes apresentações e relevantes declarações.

Augusto Mateus, ex-Ministro da Economia e um dos oradores deste I Congresso Nacional, afirmou que “o turismo rural tem uma margem de progresso colossal”. De acordo com este notável economista, “existe, contudo, muito para melhorar ao nível da sua rentabilidade turística, nomeadamente ao nível do conhecimento científico”.

“Temos um país em que, do ponto de vista do ordenamento do território, está tudo feito. Só falta é meter lá pessoas”, ironizou o ex-governante. “É fundamental o povoamento humano e empresarial”. Por outro lado, “não há nada em que Portugal seja tão bom na Europa como o Turismo”.

Augusto Mateus referiu ainda que a internacionalização do Turismo Rural representa um contributo para a valorização do Turismo em Portugal. Do mesmo modo, quanto maior forem as exportações líquidas (aquelas que decorrem da exportação de recursos endógenos renováveis e de valor acrescentado), maior a importância do Turismo.

Já Vítor Fraga, Secretário Regional do Turismo e Transportes dos Açores, reafirmou na sua intervenção a aposta do Governo dos Açores no desenvolvimento do turismo rural através do programa de incentivos ‘Competir+’. Segundo o Secretário Regional, “todo o investimento deverá estar direcionado essencialmente para o retorno, para a capacidade de gerar valor, para os projetos que promovam valorização e requalificação do património arquitetónico regional e para a compatibilização do crescimento económico, tornando a qualidade ambiental num trunfo de competitividade”.

No final das Jornadas, em jeito de conclusão, todos os presentes puderam participar num debate alargado, dando o seu contributo para delinear a estratégia de desenvolvimento do Turismo Rural, a qual deverá passar por aportar valor e dar novos contributos para a próxima revisão do PENT (Plano Estratégico Nacional de Turismo), promover a organização integrada de entidades e clusters, desenvolver parcerias com vista à valorização da prestação de serviços, contribuir para a afirmação do Turismo Rural e para o desenvolvimento da marca, estimular o debate de temas que contribuam para o desenvolvimento mais sustentado do território, omentar o diagnóstico e implementar medidas adequadas à prossecução de uma estratégia concertada.

Os trabalhos encerraram com a leitura da Declaração do Congresso aguardando-se agora a publicação do Livro de Atas do Congresso, o qual ficará para a posteridade e perpetuará tão importante acontecimento. Um dado a realçar será o facto de a realização da sua primeira edição ficar para sempre associada a Oleiros.

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