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LAFI homenageia pessoas idosas da Freguesia da Isna

Pela segunda vez a LAFI (Liga dos Amigos da Freguesia da Isna) levou a cabo a sua iniciativa de homenagear e celebrar em vida as quatro pessoas mais idosas da freguesia. Aconteceu este ano tal acto decorrer com grande entusiasmo no Domingo de Páscoa. O dia esteve acolhedor, soalheiro e do agrado de todos. Parecia um dia perfeito para um gesto solidário e sobretudo de enorme dignidade humana. No final da missa, um dos elementos da LAFI leu a notícia ao povo, anunciando a entrega nessa tarde, a cada uma dessas pessoas, de um folar de Páscoa, constituído por um cabaz com vários produtos caseiros e de um Diploma de Vida e Agradecimento, com os dados de cada pessoa.

Teresa Ribeiro (da Corga do Moinho), Joaquim Barata Dão (da Isna), António Martins (“do Seladinho”, Isna) e Maria Ribeiro (da Isna), foram os homenageados que receberam os membros da associação com bastante afabilidade e reconhecimento por tão nobre gesto. Depois do Adeus da despedida, ficou já marcado o regresso para o próximo ano.

Relato das visitas (Segundo a própria Associação):

“A primeira pessoa que visitámos foi a Senhora Teresa Ribeiro da Corga do Moinho,  nascida no dia 10 de Setembro de 1914.

Sentada na pequena sala de sua casa, recebeu-nos com um enorme sorriso rasgado, franco e inocente. Arqueada pelo peso dos anos, lembrava uma menina astuta e divertida escondida num corpo gasto pelo tempo implacável, tal a graça das suas deixas. À sua volta estava parte da família, pessoas humildes, mas com uma dignidade sem disfarce, traduzida por gestos simples de quem recebe em sua casa gente amiga. Entre um copo na adega e uma fatia de bolo ainda quente, feito de propósito para essa ocasião, celebrámos a Ti Teresa.
Um beijo selou a nossa partida. Que Deus a conserve entre nós por muitos anos.

A segunda pessoa que visitámos, foi o Senhor Joaquim Barata Dão da Isna, nascido no dia 29 de Abril de 1917.

Recebeu-nos em sua casa com uma tal simplicidade, que chegou a comover um dos presentes que não o conhecia. Homem franzino e de rija têmpera, deixa transparecer numa primeira análise, uma saúde sólida e bem cuidada. O seu olhar felino revela astúcia e determinação. As suas palavras são pensadas e colocadas com precisão no discurso assertivo que desenvolve com ponderação e muito humor. De imediato, vemos que estamos em presença de uma pessoa de convicções firmes e de um querer inabalável.
Uma fatia de bolo e dois copos de vinho servidos por ele na sua adega, selaram este encontro encantador e de grande significado. Graças a Deus que o temos entre nós e com ele iremos contar durante muitos anos.

A terceira pessoa que visitámos, foi o Senhor António Martins “do Seladinho”, Isna, nascido no dia 20 de Dezembro de 1918, que nos recebeu à porta de sua casa.

Começou por nos pedir desculpa por não nos ouvir muito bem, mas já conhecia a razão da nossa visita. Enalteceu o trabalho da LAFI e os momentos de grande alegria que viveu nos magustos em que participou. Emocionado, agradeceu a nossa visita e o seu significado para a sua família. Lembrou os tempos da juventude juntamente com os outros agraciados. De todos guarda uma recordação de apreço e muito carinho. Relatou factos e feitos passados naqueles tempos, num discurso coerente e seguro, sempre com uma graça própria, própria das pessoas simples moldadas no saber do trabalho árduo.
Ao ouvir uma pessoa destas, ninguém fica indiferente ao espontâneo das suas memórias e à graça como são ditas.
Fez questão que provássemos o seu vinho novo, o que fizemos com todo o gosto. Que Deus o conserve por muitos e bons anos.

A quarta e última pessoa que visitámos, foi a Senhora Maria Ribeiro da Isna, nascida em 26 de Dezembro de 1918.

Recebeu-nos junto à lareira da cozinha onde o fogo começava a crepitar. Um xaile negro cobria-lhe o regaço cansado pelos anos. Um lenço também negro envolvia-lhe a cabeça, cujas pontas lhe pendiam sobre os ombros deixando vislumbrar os pequenos brincos de ouro gasto e antigo, Os seus olhos claros pareciam verter a saudade de outros tempos, tocando-nos com uma ternura comovente ao recordar os seus anos de menina e moça.
O seu sorriso franco e perfumado de encanto, foi a marca da sua gratidão. Rodeada pela família, toda a sua graciosidade emanava felicidade. Ao contemplar o cabaz à sua frente, a emoção foi mais forte que a vontade e uma lágrima teimou em cair-lhe pela face. Naquele momento Maria Ribeiro era uma mulher frágil, comovida e muito reconhecida.
A seu mando, lá fomos para a adega provar o vinho novo, por entre um naco de queijo e uma fatia de presunto.

Num adeus de despedida, partimos dali para a próxima visita da LAFI. Talvez para o ano. Só Deus sabe…”

Figueiredo Costa
Abril 2011

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