O Município de Oleiros, assim como a corporação dos Bombeiros Voluntários do Concelho, espera que o protótipo concebido pelo Instituto da Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e Engenharia Industrial (INEGI) para monitorizar a saúde dos bombeiros possa continuar a ser aperfeiçoado para ser utilizado na monitorização destes profissionais em situação de combate ao fogo na floresta.
Miguel Marques, Vice-presidente da Câmara Municipal de Oleiros, falava no encerramento do workshop “Combate aos incêndios rurais: Da exposição à segurança dos bombeiros”, que decorreu sábado, dia 10 de dezembro, no Pavilhão Multiusos das Devesas Altas, em Oleiros. O protótipo foi mostrado pela primeira vez ao público por dois alunos bolseiros do INEGI, Tatiana Teixeira e Pedro Prata, este último com origens familiares na freguesia de Álvaro.
Num território que infelizmente é fustigado ciclicamente por grandes incêndios, sublinhou, “não poderíamos deixar de estar na linha da frente daquilo que nos parece ser um projeto inovador, que irá, acredito, revelar-se de uma grande utilidade para os nossos bombeiros. Daí a nossa disponibilidade em apoiar, do ponto de vista logístico, no desenvolvimento de estudos que ainda são necessários”, explicou Miguel Marques.
Num cenário de combate a incêndio “o sistema pode gerar alertas que indicam que determinado membro da corporação no terreno está num estado de exaustão física extremo, aconselhando o comandante a evacuá-lo”, explicou o professor Mário Vaz, investigador responsável pelo projeto no INEGI. Os alertas são gerados “com base em categorias de esforço pré-estabelecidas, que definem os vários níveis de fadiga, e em conformidade com parâmetros normativos”.
Este dispositivo está em desenvolvimento desde 2018, com financiamento total da Fundação para a Ciência e Tecnologia até ao final deste ano. Quer isto dizer que a equipa de investigadores aguarda por uma luz verde daquele organismo para continuar a desenvolver o sistema. Sobre isso, a Secretária de Estado da Proteção Civil, Patrícia Gaspar, nada disse. A responsável não esteve presente, como anunciado, na abertura dos trabalhos por compromissos já assumidos, mas enviou um vídeo no qual lembrou que desde 2013 “17 bombeiros morreram em incêndios e mais de 1500 ficaram feridos”. Mais à frente alertou que, face às alterações climáticas, “sabemos que teremos verões cada vez mais quentes. Quanto aos incêndios, estes tipos de fenómenos vão assumir características cada vez mais complexas e com desafios cada vez mais expressivos. Só mesmo o esforço, permanente e contínuo é que irá garantir que consigamos todos atuar pelas regras da segurança”.
Oradores como o professor Xavier Viegas, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, o professor José Torres da Costa, da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto ou a engenheira Gilda Santos, do CITEVE, trouxeram conhecimento e dados sobre a questão dos incêndios florestais e a necessidade de ser reforçada a formação, mas também a proteção dos bombeiros em atuação.
O comandante dos Bombeiros Voluntários de Oleiros, Luís Antunes, partilhou a mesma disponibilidade que até aqui a corporação mostrou na testagem do dispositivo. “É sempre muito gratificante para qualquer comandante poder participar com aquilo que tenha a ver com o reforço de proteção para os operacionais. Mesmo sendo esta uma corporação de pequenas dimensões foi um orgulho muito grande participar no desenvolvimento deste projeto e nos estudos que ainda não terminaram”, sublinhou. Luís Antunes destacou a importância deste tipo de sistemas de dispositivos de monitorização de bombeiros “porque no teatro de operações, no combate a incêndios tão difíceis como os que temos enfrentado, eles chegam ao estado de exaustão sem se aperceberem”, terminou.