A Igreja Matriz de Oleiros foi na passada quinta-feira o palco do coro da Escola Superior de Artes Aplicadas de Castelo Branco.
Cerca de 100 pessoas juntaram-se para ouvir este concerto num local de excelência com uma acústica ímpar.
A Direção Musical esteve a cargo do Maestro Gonçalo Lourenço e o Concerto teve como tema “Requiem de Fauré”.
Os Requiems são celebrações fúnebres do ritual cristão e, na sua expressão musical, consistem no canto de passagens bíblicas e orações referentes à entrada dos mortos nos céus.
Ainda assim, esta obra, porventura a mais célebre do compositor francês, não foi escrita para a morte de alguém em particular (embora se pense que a morte dos seus pais o tenham empurrado para a escrita da mesma).
Consiste na sua proposta para uma renovação da música litúrgica que se praticava em França no final do século XIX, então muito permeável ao estilo do belcanto italiano.
Organista e mestre de coro, Fauré conhecia profundamente o contexto religioso parisiense.
Nesta obra apostou numa grande simplicidade de escrita, numa época em que se compunha preferencialmente para orquestras de grandes dimensões.
Evitava assim também a imponência sinfónica germânica.
Em inúmeros momentos dispensou a intervenção dos violinos e dos sopros a fim de favorecer uma atmosfera intimista.
É um dos requiems mais originais de todo o século XIX.
Uma rutura manifesta com a tradição musical romântica.
O Requiem foi tocado pela primeira vez em 1888, na ocasião com somente cinco andamentos.
Mais tarde Fauré acrescentou-lhe outros dois. No que respeita às palavras, os textos bíblicos foram tomados com grande liberdade, alguns deles reduzidos, e outros anulados.
Por isso, este requiem não corresponde ao formato convencional.
Entre o Kyrie e o Ofertório é omitida uma sequência.
O mesmo acontece com o Benedictus, após o Sanctus.
Por sua vez, a Comunhão é junta ao Agnus Dei.
Resulta assim uma ambiência contemplativa, sem quaisquer excessos, com muita subtileza.
As melodias, inspiradas no cantochão, fundem-se no pendor impressionista que se vislumbra no idioma harmónico de Fauré.