A visita temática às Minas das Fragas do Cavalo, onde no século passado se extraía o chamado “ouro negro” (volfrâmio), resultou num manifesto sucesso atraindo pessoas das mais variadas proveniências geográficas e áreas de interesse. Numa manhã solarenga de domingo, muitos foram os que aderiram ao repto lançado pelo município de Oleiros e pela Naturtejo, de onde se realça ainda a participação da comunidade local, nomeadamente uma franja etária de mais idade que aproveitou a ocasião para avivar a memória e fornecer aos presentes testemunhos importantes.
Tendo como ponto de início o Posto de Turismo, onde está patente até ao final do mês a exposição “Património Geomineiro de Oleiros”, a visita iniciou-se com um briefing, havendo ainda oportunidade para visualizar o recente documentário “Ouro negro: a outra face”, sobre a realidade que se viveu nas chamadas Minas do Cavalo, nas quais chegaram a trabalhar, num mesmo período, cerca de 100 trabalhadores.
A autarquia disponibilizou o seu autocarro para que os participantes chegassem à zona das Minas e estes puderam assim visitar as ruínas do que foram os escritórios e a lavaria, tendo ainda a oportunidade de explorar duas galerias, com o devido acompanhamento dos técnicos do Geopark Naturtejo, os geólogos Carlos Neto de Carvalho e Joana de Castro Rodrigues. Durante a visita temática, houve ainda lugar para uma explicação histórica sobre os vários momentos de exploração de Volfrâmio em Oleiros.
Esta visita representou uma oportunidade única de visitar aquele local, uma vez que tanto o Município como a Naturtejo alertam para as questões de segurança que desaconselham qualquer visita isolada. Devido ao risco de abatimento, a entrada nas galerias e nas ruínas dos edifícios de apoio não é aconselhada. Também a circulação pela encosta das minas é perigosa, devido à existência de inúmeros poços não sinalizados. Por outro lado, os organizadores da visita informam ainda que existe um risco de contaminação, pelo que não se devem recolher materiais de escombreiras, nem qualquer tipo de ferramenta ou maquinaria existente, assim como utilizar a água proveniente das minas ou escombreiras.
Recorde-se que a atividade encerrou com chave d´ouro a celebração do Festival da Paisagem Oleiros 2012, integrado na Semana Europeia de Geoparques e o qual deu destaque este ano ao Património Geomineiro Oleirense, decorrente da existência de três concessões mineiras no concelho dedicadas à exploração de Cobre, Estanho e Volfrâmio. Conforme se pode ler no catálogo da exposição com o mesmo nome “este é um legado diferente e importante para a história contemporânea da Europa e de Portugal, erguido da técnica e da indústria, mas que não vive sem a memória daqueles que o ajudaram a construir”.